Lúcio olhou para o próprio corpo e viu seu estado. A leitura era óbvia: ele estava condenado! As manchas frescas de sangue encobriam grande parte do colete camuflado do exército, bem como sua calça. Ele estimou que se tratavam de doze perfurações de bala, tendo quase todas atravessado seu corpo e saído pelo outro lado.
Foco! Lúcio buscava foco para, ao menos, executar seu último grande ato de defesa da nação. A menos de um metro de si, ele pôde ver uma submetralhadora carregada na mão de um cadáver irreconhecível. Em um esforço que só o rapaz poderia descrever, Lúcio debruçou-se e se esticou ao máximo para agarrar a arma. Gritou o hino nacional do fundo de sues pulmões, o que instantaneamente atraiu os invasores para o beco em que ele estava.
Então, sem errar uma palavra, sem desafinar em nenhum tom, sem pestanejar e sem desperdiçar um bala, o soldado puxou o gatilho contra aqueles que queriam fazer de sua pátria uma casa de escravos.
Ao todo, foram oito inimigos mortos no local. Três outros viriam a morrer no hospital em uma semana. Um foi aleijado a ponto de nunca mais poder atuar em um campo de batalha. Ninguém nunca soube que esse fato aconteceu dessa forma. O corpo de Lúcio foi enterrado no cemitério do exército em cerimônia coletiva ao fim daquela semana de conflitos.
Foram quatro meses de intensas batalhas depois desse funeral. A expulsão completa dos invasores só foi decretada mais de um ano depois…