Jacó e Cândido passam o dia conversando
Papo tenso, sempre
Cândido é o mais forte
Mas Jacó é mais sociável
E é este que sai à rua

“Não é possível deixar que te vejam, amado amigo.
Não te entenderiam!”,
Insiste Jacó em dizer a Cândido
Cada vez que este protesta por liberdade
E acaba, inconformado, quebrando tudo lá dentro

Jacó queria que ele compreendesse…
Cândido não quer “compreender”
Cansou de tentar “compreender”
Foda-se
Ele só quer ser, não “compreender”

Jacó observa Cândido extravasar sua raiva
Sem interferir, apenas a sofrer pelos três:
Por si, pelo amigo e pelo dono da carceragem em destruição

Respirar ajuda, chorar não
Da janela, o tal dono da prisão observa
E se pergunta:
“É melhor lidar com o estrago de Cândido
Aqui dentro ou lá fora?
Será que o prédio aguenta?
Ou será que, na multidão,
Alguém recolherá os pedaços do que sobrar
Enquanto a maioria foge atormentada?”

Acalme-se
Tudo isso vai acabar
Cedo ou tarde, vai acabar
Morto Jacó ou morto Cândido
Uma hora tem que acabar
E quem tem medo da morte?

Eu tenho